sexta-feira, 5 de maio de 2017

Três "lugares" do estrangeiro


NA EUROPA MEDIEVAL

"O excluído por excelência na sociedade medieval era o estrangeiro. [...] A Cristandade medieval rejeitava o intruso que não pertencia às comunidades conhecidas, vendo-o como portador do desconhecido e da inquietação. [...] O estrangeiro é aquele que não é um fiel, um súdito, aquele que não jurou obediência, aquele que, na sociedade feudal, é considerado "sem aval". [...] Os que não podia enquadrar ou prender, a sociedade medieval lançava nos caminhos". 
 (Jacques Le Goff, em A civilização do ocidente medieval)


“O estrangeiro era motivo de sonho e de ruptura”.
(Jean Duvignaud, em Sociologia do comediante)

*     *     *

NA ÁFRICA SUBSAARIANA de AMADOU HAMPÂTÉ-BÂ

“Quando um estrangeiro chega a uma cidade,
faz sua saudação dizendo:
- Sou vosso estrangeiro.

Ao que lhe respondem:
- Esta casa está aberta para ti.
Entra em paz.
Dá-nos notícias.

Ele passa, então, a relatar toda sua história,
desde quando deixou sua casa,
o que viu, o que lhe aconteceu...
E isso de tal modo
que seus ouvintes o acompanham em suas viagens
e com ele as revivem”.


(Amadou Hampâté-Bâ, em A tradição viva)

*        *        * 


NA PROFECIA DOS GUARANIS


“Quando o espaço abraçar o círculo do novo tempo,
                                              Tupã renascerá no coração do estrangeiro”

(Kaká Werá Jecupé, em Tupã Tenondé)


XÉNO PHÓBOS


A palavra XENOFOBIA está presente.
Uma palavra do tempo dos gregos antigos:

“xénos”
(estranho)
e
 “phóbos”
(medo)

 Medo do estranho, do estrangeiro, do diferente. 
O "espelho distorcido”, como diz Boal.
O espelho que mostra nossas outras faces.